REFLEXÃO ESCRITA PARA O ROTARY DE CAMPINA GRANDE-PB
REUNIÃO DO DIA 13/05/10
O apóstolo Pedro disse que as paixões carnais fazem guerra contra a alma; e que é pela obediência à verdade que a nossa alma é purificada. De fato, Pedro está dizendo que a alma pode se enganar muito tempo com nossas mentiras, e com as mentiras que nós decidimos que serão o piso de nossa realidade; e que, além disso, a alma, pode entregar-se à procura de todas as formas de realização indicadas por nós para ela — porém, depois de um tempo, ferida nas guerras das paixões, dos surtos, dos impulsos, dos direitos inquestionáveis, dos caprichos tidos como normais, a alma se levanta com o poder das Sombras do Interior; e se apresenta com as feições às quais se amoldou (“... Não vos amoldeis às paixões que fazem guerra contra a alma...”).
Então a pessoa grita: “Assombração! Fantasma! Diabo! O que é isso?”. Mas não é nada. É apenas a alma nos chamando para uma “Exposição de Fotos Nossas”; ou chamando para um desfile dela mesma com as roupas psicológicas e com as formas e contornos de caráter que nós impusemos como “beleza e saúde” sobre ela.
Queridos e amados rotarianos, a alma pode comer mentira por muito tempo; mas não comerá o tempo todo. Sim! Sempre, mais cedo ou mais tarde, a alma se apresentará vestida com nossos gostos e caprichos transformados em produto psicológico. Então, ela, a alma, nos dá a chance de dizer “isto é bom”; ou, então, de dizermos “isto é mal”; ou, quem sabe, “não é bom pra mim”.
A salvação do homem que tem uma alma — é poder pelo menos ouvir seus gritos de dor em razão de sua existência posta contra a verdade; e, assim, dar a ela o direito de conhecer a verdade. No entanto, caso isso não seja a ela concedido, morrerá corroída pela fantasia como ‘fantasmagoria’; pela mentira como frustração; pela ilusão como esperança adiada (que enferma o coração); pela auto-vitimização que impede a pessoa de assumir responsabilidades para a libertação pessoal; e por toda sorte de desculpas; as quais se transformarão em amarguras; mas que jamais farão a pessoa abraçar a verdade para o bem da alma; e para que pela verdade ela seja purificada.
A alma se tumultua com a mentira, o engano e a fantasia; e se torna ela mesma, pacificada, quando é restaurada pela obediência à verdade.
O apóstolo Pedro diz que essas paixões se manifestam como paixão sexual (sem afeto; ou com afeto fabricado a fim de “justificar” o troca-troca); e como paixão relacional (cheia de amarguras e de vícios do ódio e do engano; com muita gritaria, e com muita dependência e co-dependência; e com muita embriagues ou fuga do real).
E mais: o apóstolo diz que tais paixões carnais têm sua dimensão pública; e que se manifestam nos abusos praticados contra a esposa, o marido ou esposa, os servos, os patrões, os empregados, as autoridades, etc. Sim! Essa paixão carnal é narcisista e é cheia de auto-indulgência, posto que sua marca principal seja a insatisfação passional e louca, bem como é ela marcada pelo mais profundo egoísmo e falta de afeto natural.
Paixões carnais são patologias do sentir e do desejo; e são o fruto da fobia da morte, que diz: “aproveita que está acabando...”; e, também, se deriva da insegurança existencial de quem não tem em Deus (mesmo!) o sentido de sua vida.
Paixões carnais nada têm a ver com a boa paixão, que enfatua a alma pelo encontro, e que precede ao amor que crescerá pelo vínculo com o outro. Nem tampouco têm elas qualquer coisa a ver com a vontade de trabalhar e de crescer, se o crescimento de fora não matar o de dentro.
Paixões carnais são fruto também da vaidade existencial que só encontra afirmação no que possa mostrar como variedade e poder para fora — nem que seja poder para manipular e seduzir por seduzir.
Por último, mui amados rotarianos campinenses, as paixões carnais também se manifestam de modo “espiritual”, e que têm a ver com sede poder sobre as demais pessoas, com o fim de sobre elas sobressair e controlar.
Assim, a busca da fama, do poder, do dinheiro e das importâncias sociais —, também fazem parte das paixões carnais.
O apóstolo Pedro conclui dizendo que o diabo está em derredor; e que as ansiedades trabalham em seu favor contra nós. Sim! As paixões que fazem guerra contra a alma são as mesmas que geram as ansiedades que o diabo usa. Usa-as a fim de determinar (pelas nossas carências e pelos vazios do coração) as necessidades que haverão de ser atendidas justamente por aquilo que haverá de fazer guerra contra a alma.
Desse modo, Pedro diz que o remédio para isso é purificar a alma na verdade e manter a mente sóbria, modesta, lúcida, calma, e com todas as ansiedades postas diante de Deus; com confiança!
Quem ama a verdade fará bom proveito para a alma crendo em tudo o que aqui disse; pois eu sei, você sabe, todos sabem, que o que tenho aqui dito é a Palavra que nos foi trazida por Jesus Cristo desde o principio.
Assim, também digo, buscando ser fiel ministro da Graça de Deus: “O que recebi isto também vos entreguei!”.
Nele, que nos chama à salvação na verdade e no amor,
Pr. Hiram Filho
Fortaleza
Ceará
11/05/10