Vós sois o sal da Terra. Se, porém, o sal se tornar
insípido, como lhe restaurar o sabor? Séria questão. O que deveria dar gosto
não tem gosto. Isto porque, claramente, a ênfase de Jesus não recai sobre todas
as propriedades do sal, mas sobre o sabor. Com isto Jesus estava dizendo que
ser seu discípulo é ser provado pela língua da alma do mundo e ter gosto de
sal.
A real presença dos discípulos de Jesus no mundo deve
ser discernida como um encontro com o sabor, com o gosto que se torna
indispensável. Mas e quando o sal perde o sabor? Nesse dia até as areias que
ficam perto da arrebentação das ondas do mar são mais degustáveis que o sal sem
gosto; e que tornou-se, portanto, insípido.
É melhor comer terra pura, que sal insípido. Comer sal
sem gosto é como chupar pedra-jacaré. É quando o sal se torna insípido que ele
para nada mais presta, senão para ser pisado pelos homens! O sal insípido tem
na mulher de Ló seu arquétipo maldito. Ela olhou para trás e virou estátua de
sal... e não só olhara para traz, mas
ficara para trás... por contra própria.
No entanto, a imagem arquetípica é perfeita. Quando o
ser humano deixa de olhar para frente se petrifica em sal do mar morto. Virar
estatua de sal é o destino do sal que perde o sabor. O sal perde o sabor quando
se nega a sua vocação, que é se dar. Assim deve ser a vida de um cristão. Um
cristão que não saber doar-se naquilo que faz, e também doar aquilo que tem, é
como o sal que se tornou insípido.
Estátuas de sal. É imagem do homem, porém é estatua de
sal. Homens cristalizados... sal insípido. Como lhe restaurar o sabor? O que
salva o sal é a sua dissolvência, aceitando a sua missão invisível de ser
sentido sem ser visto; se não, vira monturo ou estatua de sal.
O sal tem que ter mais alegria em dar gosto do quem em
ser visto. Se não for assim, não é sal...
Pense nisso!
Redenção
Ceará
19/12/2015